O Último Reino, As Crônicas Saxônicas - Bernard Cornwell


Osberth era um garoto inglês da região Nortúmbria, costa leste do atual Reino Unido, que vivia numa fortazela impenetrável e que detestava ser forçado a aprender a ler e escrever assim como a religião cristã e suas práticas 'cansativas'. Porém depois de uma manhã na qual são avistados estranhos navios com cabeças de dragões esculpidas na proa a vida de Osberth muda completamente.

A chegada dos dinamarqueses serve de estopim para que a pacata vida de Osberth sofra grandes mudanças que o marcarão para o resto da vida. Primeiramente ele perde o irmão mais velho, que assim como seu pai, se chamava Uthred e logo em seguida também seu nome de batismo passando a ser daquele dia em diante também chamado de Uthred. Logo descobre-se que o objetivo dos dinamarqueses é a conquista da Inglaterra, começando pelas terras da Nortúmbria, e uma vez declarada a guerra o pai de Uthred e ele partem para um cerco a cidade de Eoferwic, a atual York.

Depois de um ataque frustado por parte dos inglêses Uthred se vê perdido no meio de um campo de batalha, cercado por guerreiros loucos e sem esperanças de sobreviver, ele se depara com o homem que havia assassinado seu irmão e destruído sua antiga vida. Sem ter nada a perder, Uthred se lança contra o poderoso viking e assim tem início uma verdadeira saga sobre amizade, coragem, honra e dever.

Uthred é então criado como um filho por Ragnar, o Intrépido, homem que matou seu irmão e que lhe deu uma nova vida graças a 'coragem' demonstrada pelo garoto. Pouco a pouco Uthred vai se adaptando aos costumes dos invasores e esquecendo de sua antiga vida até o dia em que seu tio 'tenta' resgatá-lo dos vikings apenas para assassiná-lo e tomar as terras que por direito eram do garoto. Assim Uthred tem uma nova meta para sua vida, que consiste em ser novamente o senhor das terras que antes eram de seu pai e foram usurpadas.

Porém antes que isso seja possível o destino lhe mostra caminhos tortuosos que o levam de encontro com o futuro rei de Wessex Alfredo, o Grande e a escolhas que decidirão o destino da vida de muitos às vezes pelo fio da espada em outras por artinhamas e traições. Daquele dia em diante a vida destes dois por muito tempo estaria unida

Em O Último Reino, Bernard Cornwell nos conta através de sua forma única de escrever, as batalhas  e joguetes politícos que serviram de alicerce para a unificação e consolidação do que hoje conhecemos como Inglaterra. Detentor de renome por ser um dos melhores romancistas do gênero o escritor britânico consegue aliar uma pesquisa primorosa, na qual até os pequenos detalhes são inclusos, com descrições de lutas, armas e maneiras dos exércitos e camponeses que beiram a perfeição. De leitura fácil este livro é o primeiro de uma série em andamento, com cinco volumes lançados tanto no exterior como aqui e um sexto com previsão para o fim do ano.

O enredo de O Último Reino além de mostrar a infância de Uthred junto aos dinamarqueses, seu crescimento  segundos as tradições nórdicas, seus desejos e planos para retomar suas terras e sua evolução como guerreiro também serve como pano de fundo para enfatizar alguns acontecimentos históricos. Como já dito antes a obra tem grande foco na pessoa do rei Alfredo que fora capaz de conter parte da invasão por conta dos dinamarqueses e cujos filhos e um neto consolidaram formando a Inglaterra.

Outro ponto muito discutido também é a dicotomia entre paganismo e catolicismo, porém diferente das obras tradicionais é o segundo que começa a perder força com a invasão. Partindo por esse ponto inverso somos apresentados a um povo que apenas vê as igrejas e monastérios como um local onde encontrar ouro e prata. Algumas passagens do livro também apontam conflitos ideólogicos, como em algumas afirmações feitas pelos pagãos sobre o Deus cristão ser omisso ou sobre a devoção dos ingleses.

A diagramação e arte da edição nacional de O Último Reino, assim como de todas as obras de Bernard Cornwell, são belissímas sendo o título em alto-relevo. Nas primeiras páginas encontramos um mapa com os nomes das cidades e reinos assim como uma nota explicativa a respeito da topôlogia utilizada pelo autor, e tradutor, no decorrer da obra. Há também uma nota sobre a pesquisa histórica ao final do livro que nos permite conhecer um pouco mais da vida de Alfredo, das fontes utilizadas por Cornwell durante a pesquisa para a escrita e alguns fatos recorrentes a obra, como o fato da utilização de dinamarqueses e pagãos ao invés de vikings e outros mitos.

Altamente recomendado para fãs de épicos esse primeiro livro é uma introdução em grande estilo para uma série que ao fim de cada volume lhe deixa ansioso pelo próximo. Com suas batalhas memoráveis e algumas motivações conflituosas O Último Reino é sem dúvida alguma um livro para se ler e reler por muito tempo.



Título Nacional: O Último Reino - As Crônicas Saxônicas
Título Original: The Last Kigdom - The Saxon Stories
Autor:Bernard Cornwell
Ano de Publicação: 2006
Número de Páginas: 362 páginas
Editora: Editora Record
Onde Comprar: Submarino (Livro único) - Submarino (Box com 5 livros)
Sinopse: "O Último Reino" é o primeiro romance de uma série que contará a história de Alfredo, o Grande, e seus descendentes. Aqui, Cornwell reconstrói a saga do monarca que livrou o território britânico da fúria dos vikings. Pelos olhos do órfão Uthred, que aos 9 anos se tornou escravo dos guerreiros no norte, surge uma história de lealdades divididas, amor relutante e heroísmo desesperado. Nascido na aristocracia da Nortúmbria no século IX, Uthred é capturado e adotado por um dinamarquês. Nas gélidas planícies do norte, ele aprende o modo de vida viking. No entanto, seu destino está indissoluvelmente ligado a Alfred, rei de Wessex, e às lutas entre ingleses e dinamarqueses e entre cristãos e pagãos. "O Último Reino" não se resume a cenas de batalhas bem escritas e reviravoltas cheias de ação e suspense. O livro apresenta os elementos que consagraram Cornwell: história e aventura na dose exata. Uma fábula sobre guerra e heroísmo que encanta do início ao fim.



Meu nome é Gutemberg Fernandes, ou para os íntimos Guto. Sou fã de literatura fantástica, principalmente épica ou medieval, além de contista nas horas vagas. No Guria irei trazer para vocês um pouco deste universo de cavaleiros e dragões, espadas e magia. Espero que gostem.





E lembrando...


13 comentários:

Renata Holanda disse... [Responder comentário]

Rê e Gutemberg,

Renascida e o genio que criou a tipografia,
Quem ama esta tipo de literatura, contexto dinamaquês é meu noivo.
Vou pedir para ele ler, e vai se encantar.
Bjs
ops, também Renata

Vulcka disse... [Responder comentário]

Já ouvi falar que Bernard Cornwell é um grande escritor épico. E eu, que sou uma amante de livros épicos, ainda não li naaadaa dele. Como pode isso?!

Só pela resenha eu tenho certeza de que vou amar esse livro *--*

Roberta Fraga disse... [Responder comentário]

Sou viciada em Bernard Cornwell!

Vivi disse... [Responder comentário]

Pronto, lá se vai mais um livro para a listinha de desejados :-S, só desejados mesmo já que estou de castigo :-(

Beijocas
Vivi - FL&S

igor_camilo2010 disse... [Responder comentário]

Renata, para com isso , todos os livros que vc fala aqui no blog me dá vontade de ler, eu já tenho muitos na espera, pfv para com isso :D.

Maryzlane Sarah disse... [Responder comentário]

Tem alguma coisa haver com Rei Arthur?? não sei pq mas fiquei com essa impressão. Fiquei mega curiosa (novidade? não nenhuma hahhahaha)

@Maryzlane - Mary *-*

Gih Pinheiro disse... [Responder comentário]

Bom, meu primeiro comment por aqui e tenho que dizer que o BLOG é muito bonito, ADOREI!! Pretendo passar por aqui sempre que puder!!

E que resenha foi essa senhor Guto? Putz, boa mesmo, parabéns!!
Dependendo é até um livro que eu leria, vou pensar sobre isso!

Tudo ótimo, parabéns aos dois!!

Bjos da Gih
kastmaker.blogspot.com

Adriana disse... [Responder comentário]

Adorei! Simplismente porque adoro livros épicos e se tratando de série, fico mais feliz ainda, porque a história demora muiiiito a acabar, rsrs! A resenha ta muito boa, como sempre aliás! Bjinho!

Miin Trindade disse... [Responder comentário]

Oi cunhado! Ótima resenha, as usual :D
Me deixou ainda mais curiosa pelo livro! Além da história parecer bem legal e ser toda envolvida com História, que é minha grande paixão *depois dos livros*, tem uma capa linda! E também parece ter personagens muito bons... Aiai, essa mania que as pessoas tem de ficar adicionando livros na minha MUST BUY LIST, viu? kk

Beijos

Shanellynhá! disse... [Responder comentário]

Ah! Adoro um épico! Hehe
A arte da capa é linda!
E esse enredo heim? Emocionante!
Imagina se tornar próximo do assassino do seu irmão?
#intenso
Como sempre suas resenhas me deixam com água na boca de vontade de lê-los.
xD

=* Rê!
Shanelly Faust
@shanellyfaust

Myl@ disse... [Responder comentário]

Está ai outra série que quero muito ler, mas me falta o $, adoro livros nesse estilo, quero muito comprar eles todos juntinhos no Submarino, cadê aquelas promos loucas deles? rsrs. Adorei a resenha.

Myl@
@myla_bs

Anônimo disse... [Responder comentário]

demorei, mas cheguei!!!!

Eu adoro Bernard Cornwell desde que li o Arqueiro e o Andarilho!!! Adorei todas as descrições, acho a narrativa dele ótima, empolgante e supimpa!!!
Sou louca pra ler a série do Arthur e as Crônicas Saxônicas
Ele manda muito bem em épicos!

Parabéns por mais essa resenha, na medida certa pra quem curte o estilo.

Beijos!!!
Bibs

Lucy disse... [Responder comentário]

Eu nunca li nada do Bernard Cornwell, mas ouvi altos elogios sobre os livros dele. E sendo que é um dos maiores escritores de fantasia, como não me encantar e desejar lê-lo?
Pela resenha pude sentir bastante daquelas personalidades que vão sendo desenvolvidas pelo personagem, de modo a que ele aprenda em conjunto com o leitor. E essa evolução sempre me envolve mais com a leitura.
Além de que, eu adoro séries; e sou apaixonada pelas histórias dos Guerreiros do Norte, e ver um pouco mais deles em um épico, com certeza será prazeroso. Além da forma como ele aborda a religião, discorrendo de paganismo à catolicismo, que provavelmente criou um misto de ideias, de reflexões bacanas para o livro. Então acho que as chances de que essa série, num contexto geral, me agrade, é de fato altíssima.

Parabéns pela resenha, muito boa!

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