Prateleira Nacional #07

 

guria_

 

Inspirado na popular série americana America’s got talent, a seção “Prateleira Nacional” do Guria que Lê apresentará os novos talentos brasileiros no campo da literatura. A cada edição um novo autor/ autora terá suas obras apresentadas, bem como o seu perfil e sua carreira literária. Valorize a literatura nacional conhecendo seus autores. Prestigie você também o talento brasileiro!

 

O post de hoje apresenta Gabriel Burani, autor de Hugo, o Vampiro (resenha aqui)!

 

Ultimamente as parcerias do Guria tem me rendido muito mais que uma boa leitora… tem me proporciona incríveis amizades. Biel não é diferente. Na verdade, a parceria só surgiu por esta amizade (já que ele tem a tendência a nunca responder meus e-mails, né Biel? Te entreguei kkk!), quando o próprio Biel teve interesse de me fazer conhecer Hugo. Apesar de acompanhar a divulgação de Hugo por um bom tempo, somente lendo pude compreender e comprovar a profundidade do trabalho do Biel. Um vamp a mais para minha lista literária! Curtam muito essa entrevista ;)

 

gabriel-arruda-burani

 

 

Gabriel Arruda Burani nasceu em 13 de novembro de 1985, em São Paulo, Brasil.  Ator, artista plástico e escritor, desde muito cedo desenvolveu uma grande quantidade de obras artísticas - contos, poesias, romances, esculturas, pinturas - participando em concursos, apresentações, exposições e publicações.

 

 

 

Guria: Se você pudesse criar um personagem a partir de si, como você o descreveria?

Gabriel: Esta é uma pergunta difícil e divertida. Nunca pensei em fazer um personagem que me representasse. É bem verdade que, de modo geral, todos meus personagens têm um pouco de mim. Uma vez fiz um personagem que me representava em um jogo de simulação, foi engraçado. Acredito que seria um personagem singular, ainda que divertido, facilmente irritável, ambicioso, que gosta de voos altos.

 

Guria: Você é ligado em artes de todas as formas, por ser ator, escritor e artista plástico. Como as artes surgiram na sua vida e quando você descobriu que queria transformá-las em profissão?

Gabriel: Desde muito cedo, meus pais me incentivaram em todas as áreas da arte: lembro no apartamento que morávamos, tinha um banheiro de parede de maderite que podia pintar e desenhar com guache. Gostava de brincar de massinha, desenhar em papel e colocar fantasias de super-herói para brincar. Todas as noites, quando não sabia ler, minha mãe ou meu pai liam uma historia ou mesmo inventavam. Meu pai gostava muito de inventar histórias. O tempo foi passando e a capacidade de criar e transformar o sonho em realidade me acompanhou. O prazer em criar gerou frutos, que me levaram ao caminho que sigo hoje.

 

Guria: O que veio primeiro: a criação, a atuação ou a composição literária? Como se deu sua escolha de escrever e publicar uma obra? De onde nasceram suas inspirações?

Gabriel: Quando era criança, as pessoas gostavam muito das minhas esculturas em massa, de meus desenhos e pinturas. Acredito que a arte plástica surgiu primeiro. Por ler muito, conhecer muitas histórias comecei a inventar as minhas próprias. Num trabalho de escola, quando tinha entre cinco e seis anos, criei minha primeira história, num livrinho. Em 1993, inventei um conto e este foi publicado numa antologia quando tinha sete anos. Participei de peças de teatro profissionais, como convidado, o que me alegrava, uma vez que o palco nos dá uma energia diferente. Participei de exposições de arte com minhas esculturas apenas recentemente, tinha e tenho certa resistência em expor, não sei. Por fim, veio a publicação de meu primeiro livro, depois de uma década de gestação.

Hugo o Vampiro nasceu de uma brincadeira na casa da minha avó com meus primos. Escrevi um primeiro conto, e logo vieram outras ideias. Inclusive desenhei o “Hugo original” e as ilustrações do livro no Paint. Naquela época, era difícil gravar em CD, assim, meu Hugo foi guardado em capítulos em vários disquetes. Com o tempo, estragaram, lógico. Sempre gostei de imprimir o que escrevo, não para gastar papel, mas principalmente para ter um registro físico de algo virtual. Este meu costume me foi favorável. Mais de uma vez tive de scanear meus textos do Hugo.

Escolher publicar e escrever um livro é algo que deve ser cuidadoso. Como autor, vejo no ato da publicação uma responsabilidade grande, uma vez que se investe muita coisa: dinheiro, energia, e sua imagem. Não acredito que se deva publicar qualquer coisa pelo simples prazer da publicação. A segurança que tive de que realmente valia a pena, balanceando todos os custos investidos, foi a decisão final. Estava mais maduro que na época em que escrevi o original, e as mudanças foram necessárias.

As ideias nascem naturalmente, talvez de algo que sonho, de algo que vejo ou sem qualquer motivo. Elas vêm e eu as guardo em minha mente por alguns dias. Depois as deixo nascer, mas é curioso que sempre que escrevo, nasçam de forma diferente do que imaginei.

 

Guria: Vampiros estão mais do que na moda, e ocupam um grande espaço nas escolhas literárias dos leitores. O que os vampiros de “Hugo, o Vampiro” tem de diferente? Como você convenceria os leitores a prestigiarem sua obra?

Gabriel: Todos os seres míticos têm um pouco mais de destaque durante toda sua “vida” com um pouco mais de ênfase em determinadas épocas: vampiros, anjos, demônios, bruxos, deuses... O que felizmente os faz fascinantes é o tempero que cada autor joga em seu caldeirão. A criação destes seres por cada mestre artesão é, e deve ser, singular.

Hugo o Vampiro parte da premissa que o vampirismo não é uma maldição, ainda que na época em que é ambientado quase tudo que do normal fugisse, fosse obra demoníaca. Eis meu argumento em relação aos meus vampiros: convido meu leitor a explorar outra ótica de uma criatura que é amplamente conhecida.

 

Guria: Hugo é um vampiro, mas diferentes dos mitos e fantasias sobrenaturais não está condenado a uma maldição. Hugo possui um Dom. Por que razão você tratou o vampirismo como um dom? O que essa raça, em sua opinião, tem de especial para ser descrito desta maneira?

Gabriel: Em geral a visão maldita dos vampiros povoa o imaginário dos leitores; minha ideia não é desconstruir a maldição, mas iluminar com um ponto de luz estas trevas. Vampiros são imortais, atraentes e sedutores. São poderosos. Por que transformar isso numa maldição e não em um Dom?

Durante os anos em que pesquisei para estruturar Hugo, li muito material sobre a Idade Média. Um fato que ocorria e era visto com normalidade, e que é visto com horror nos dias de hoje, era a morte. Morria-se muito cedo e por diversas causas; vilarejos inteiros foram dizimados por doenças, exércitos massacrados por adversários astutos. Muitas vezes ouço que “as pessoas antigamente eram mais más”; não concordo, é claro, mas é comum enxergarmos o passado como nossa cultura hoje. Assim nasceram os Dons de meus vampiros: a capacidade de superar a morte, enganá-la e tornar-se mais forte. Vale lembrar que, ainda que enganada a morte tenha sido, Hugo e os demais vampiros continuam sendo humanos, continuam a viver em sua sociedade como antes. Se Hegon usou dos poderes que ganhou para aumentar a capacidade de sua crueldade, Hugo se fez do Dom para auxiliá-lo em sua busca.

Até mesmo nós temos o Dom. Basta saber explorá-lo e escolher se queremos ou não transmiti-lo para o outro. Hugo fez sua escolha mais de uma vez.

 

Guria: “As luzes na Idade das Trevas” define o caminho que Hugo tem a seguir sem perder sua essência como ser humano. E para isso, ele tem o auxílio das joias. Qual a influencia desses objetos na construção de Hugo como um vampiro? Por que trilhar o enredo do livro em cima de uma busca por estas raridades?

Gabriel: As joias representam o ideal da cavalaria: são virtudes que compõe um cavaleiro mítico. Hugo é convidado a buscá-la e em sua busca ele acaba por incorporar cada uma das virtudes. Se Hugo não encontrasse a primeira joia, seria diferente? É bem provável que sim. Na vida, somos convidados a buscar virtudes para compô-la.

No enredo do primeiro livro “As Luzes na Idade das trevas”, a vida do príncipe Hugo muda radicalmente em pouco tempo, o que o deixa na ignorância das trevas. O convite para buscar um sentido a sua existência foi feito e Hugo procura compreender o que se passa. É a busca, não pelas joias em si, mas uma busca para se encontrar.

 

Guria: Para desenvolver sua narrativa, você escolheu ambientá-la na Era Medieval. Como se deu o trabalho de composição de sua obra? Que recurso esta ambientação lhe permite explorar? Quais os ganhos e perdas de uma construção literária nesta época?

Gabriel: Fazem-se necessários o conhecimento de cultura, costumes, fatos e lugares. Li muitos livros técnicos sobre cavalaria, costumes medievais, feudalismo; assisti a filmes e documentários; enfim, busquei material. Ainda que muito material exista e, a influência midiática nos dê uma visão medieval bastante diferente do que de fato foi, deve-se ter o cuidado de criar com fidelidade uma realidade inventada por si. Pensar com uma cabeça minimamente medievalista também ajudou muito.

A pesquisa realizada foi criteriosa, mas sei que ainda insuficiente em muitos aspectos. Sempre que sento para estudar a fim de escrever os outros livros, descubro novas tramas desta tapeçaria antiga que é a História. Ao leitor, dou o ganho de conhecer sobre uma ótica diferente das dos livros escolares, de conhecer a história medieval, mas sei que não é o suficiente, eis a perda.

 

Guria: Hugo, o Vampiro é uma trilogia. Quais as próximas aventuras do vampiro e o que o leitor pode esperar encontrar nos outros volumes?

Gabriel: Em Hugo o Vampiro – Reino de Sangue, dado do desfecho do primeiro volume, Hugo tomará o lugar do pai. Conhecerá as trilhas do governo e tudo o que ela implica: traições, intrigas, paixões, sacrifícios e a morte. Novos personagens serão conhecidos e antigos devem retornar. Muitas questões que deixei abertas no primeiro livro poderão ser respondidas no segundo, ou não. Quanto ao Hugo 3 (ainda não decidi seu título) encaminho a história para o final da “fase medieval”. É provável que não responda todas as questões dos leitores no segundo ou no terceiro, mas o que realmente for importante.

 

Guria: Além de Hugo, há outros projetos em trâmite? Quais são seus planos em termos de publicações?

Gabriel: Sim, existem outros projetos guardados a espera de oportunidades, envolvendo literatura urbana fantástica. É uma serie de cinco livros os quais estão quatro deles finalizados. Tenho planos de apresentar este projeto às editoras ainda este ano. Publicarei também contos em antologias durante o ano. Mensalmente escrevo para uma revista regional, Revista Fique em Evidência, sobre literatura. Um projeto envolvendo literatura técnica de psicologia também tem flertado comigo. Acredito que em breve, novidades pintem por aqui.

 

Guria: Se você tivesse um Dom e a oportunidade de dar, através dele, um sopro de vida nas pessoas, que Dom seria e por quê?

Gabriel: Gosto de estimular a criatividade das pessoas. Criar é um Dom que todos temos, mas que muitas vezes ainda não foi acordado. Então, acredito que escolheria ter o Dom de despertar os talentos adormecidos.

 

 

Proseando...

  • Literatura é um convite.
  • Quando escrevo desenvolvo minha personalidade.
  • Livros são presentes e tesouros.
  • O que mais me inspira sonhos.
  • Fecho o livro para começar outro.
  • Vai para a cabeceira o livro da vez, neste caso Coração de Leão de Jean Plady
  • Estou folheando A Era das Revoluções de Eric J. Hobsbawn.
  • Quero na minha estante livros e gnomos.
  • Admiro as palavras de Sigmund Freud.
  • O gênero literário que mais me empolga Épico ou Histórico.
  • Um livro A Historia Concisa do Brasil de Boris Fausto.
  • Um personagem Ramsés de Christian Jacq.
  • Um(a) autor(a) Angela Sommer-Boddemburg
  • Citação favorita “Era uma vez...”
  • Tenho o sonho de tornar-me admirável.
  • Hugo, O Vampiro é para mim meu primeiro e mais grato filho.

 

Aproveite o espaço para dizer o que você deseja aos seus leitores:

Primeiramente, agradeço à Guria, pela oportunidade de estar aqui, como autor e como amigo. Agradeço ao carinho dos leitores e seus votos de confiança. Se algo puder aconselhar é que jamais deixem apagar a chama criativa em qualquer área de sua vida; a criatividade deve ser cultivada, cuidada e acarinhada para que luzes nasçam nas trevas.

 

 

*-*-*-*

Biel querido, muito obrigado pela oportunidade de conhecer e falar sobre seu trabalho. Mais ainda, pela chance de apresentar você para todos meus leitores! Você é um fofo e adoro a forma divertida com que você sempre tenta me animar! Você tem muito talento e merece todo o sucesso do mundo. Que Hugo lhe proporcione encontrar a sua Luz e que seu Dom de encantar as pessoas com suas palavras e talento, esteja sempre ao alcance de um sopro!! ;)

 

Pessoal… espero que tenham curtido! E pra prestigiar o Biel, vai rolar um sorteio entre todos os comentaristas da RESENHA e desta entrevista (ordem conforme publicação de comentários!) de um bottom do livro (foto). E em breve, sorteio de um exemplar de Hugo, o Vampiro autografado por aqui!

 

Até a próxima!! =*

12 comentários:

Maryzlane Sarah disse... [Responder comentário]

Depois vc vem me falar em ficar um tempo longe,olha isso que entrevista mais fofa *-*

Vulcka disse... [Responder comentário]

Ahh! Maravilhoso! Trocar ideias com um escritor de uma obra que a gente leu e gostou... o que pode ser melhor?
Gosto de alguns espécimes de vampiro ;D
Espero gostar do Hugo, quando tiver oportunidade de ler o livro *-*

Tefa Candreva disse... [Responder comentário]

"Hugo o Vampiro nasceu de uma brincadeira na casa da minha avó com meus primos."
É realmente desse jeito que surgem as melhores idéias sobre as melhores histórias... =)' Estou ansiosa para ler!
=***

Thiago de Andrade disse... [Responder comentário]

Adorei a matéria
Já conhecia o livro mas nunca tinha lido nenhuma entrevista com o autor.
Parabéns

Obs: Citação favorita: “Era uma vez...”
clássico, mas eu ri ao ler
huahuaha

Thiago
http://outroconceito.blogspot.com/

Karine Marinho disse... [Responder comentário]

Adorei a "Prateleira Nacional" com ele! Eu sempre ouço falar sobre o livro dele, mas nunca o li, quem sabe um dia eu não tenha oportunidade.
Beijos,K.
Girl Spoiled

Miin Trindade disse... [Responder comentário]

Ameeeeeeeeei. Sem contar que, como você sabe, irmã, eu AMO livros de época, então estou super afim de ler o livro *-*
Beijos:*

Livros minha Terapia disse... [Responder comentário]

Fico impressionada e muito feliz quando leio e consequentemente descubro mais um escritor nacional. Adorei a entrevista e conhecer o Gabriel. Espero ler o livro em breve já que adoro esses seres vampirescos. Pelo que entendi Gabriel vai nos surpreender com sua visão sobre esse ser mítico.
BJS E PARABÉNS.
http://livrosminhaterapia.blogspot.com/

Guto Fernandes disse... [Responder comentário]

Adorei a entrevista, como sempre as perguntas sempre são muito bem elaboradas e permitem que se conheça melhor o autor e sua obra, saindo assim da mesmice.

Eu acho que é muito prazeroso viver cercado pela arte em todas as suas formas. Acho que isto propicia uma inspiração maior e mais constante.

Parabéns ao Gabriel pelo sucesso com Hugo e que venham mais livros pela frente! E parabéns a minha Rê pelo sucesso do Guria e pelos post's como essa entrevista que são ótimos!
*.*

booguie disse... [Responder comentário]

Adorei a entrevista, o autor parece realmente ser um fofo HAUAHUAHUA. Também gostei muito da resenha do Hugo, eu adoro vampiros, ainda mais nessa época vitoriana aonde eles podem ser especialmente cruéis (e perigosamente sensuais, rs).

EStamos aguardando o exemplar autografado né! Mas eu me contento com o botton (se eu ganhar).

Beijos.

Renata Holanda disse... [Responder comentário]

Gostei da entrevista,e como um escritor, amei ele gostar do Era uma vez.. é abertura do portal mágico...

Parabéns
Renata
www.tecergirassois.blogspot.com

PatUchoa disse... [Responder comentário]

Num existe coisa mais cool do que trocar idéia com um escritor. Você se sente mais VIP do que ele. hehehe

Anônimo disse... [Responder comentário]

muito legal conhecer um pouco mais do gabriel e do livro dele.
adorei essa coluna do Guria!

beijos
bibs

Postar um comentário

 
Guria que lê © 2010 | Desenvolvido por Chica Blogger | Voltar para o topo