Fúria Lupina Brasil – Alfer Medeiros


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“A fraqueza humana de colaborar com a mediocridade alheia será abandonada. Agora, entra em ação a lei mais primordial da natureza: somente os fortes sobrevivem.”
Fúria Lupina Brasil – página 173



Perdidos entre mitos e fantasias para assustar criancinhas, os lobisomens sempre cultuaram o imaginado das pessoas, sendo os maus e errados da história. Aqui isso não acontece. Nesta incrível aventura de Alfer Medeiros, os homens-lobos buscam justiça, defendendo a natureza da fúria do homem. Quando o lado humano aflora, eles irão liberar a sua Fúria Lupina!


Na década de 70, um nascimento marcou a história do grupo. Uma criança destinada a fazer a diferença vem ao mundo, e é acolhida pelos braços de seu maior criador. Por outro lado, outra criança é rejeitada e já sente na pele a dureza da vida. Enquanto um lado acolhe a vida, outro lado à tira, surgindo um assassino determinado a extinguir aquilo que seus olhos custaram a aceitar ver. Três pessoas, três histórias, três destinos... e a simples certeza que suas vidas serão cruzadas e modificadas para sempre. Eles estão prestes a descobrir quem é o maior predador do mundo: o homem ou o animal?! Numa jornada de sangue, violência e morte, o mundo está prestes a descobrir a Fúria Lupina Brasil!


“Para eles, o recado é mais enfático quando é escrito com sangue e emoldurado por cadáveres dos depredadores.”
Fúria Lupina Brasil – página 163


Falar sobre a história deste livro é difícil, pois compromete o que o leitor deve descobrir a cada nova frase (não gosto de spoilers, então não irei abusar), então, por mais que tenha MUITO a falar, vou me conter e dizer o básico (que já é muito). O que posso dizer é que Fúria Lupina Brasil é uma leitura viciante, desenvolvida numa narrativa inacreditavelmente empolgante e de uma riqueza sem tamanho. Dotada de um enredo sobrenatural, sem enrolações ou cenas extremamente detalhadas em tom monótono e cansativo, Alfer Medeiros consegue transportar o leitor ao universo dos lobos, contrapondo temas, abordagens e narrativas, até então, pouco explorados. Nesta história não há triângulos amorosos açucarados, lobos que lutam contra a temperatura para se manterem juntos aos seus amores, ou transformações forçadas numa noite de lua cheia... Não! Aqui os lobos são uma “evolução” da raça, um grupo seleto e portador de uma capacidade única de reconhecimento, adaptação e, principalmente, sobrevivência. Aqui é na base da ação e reação, mesmo que para isso tenha que se fazer uso da violência (por sinal, presente em grande parte das cenas e muito bem construídas), da justiça – com as próprias mãos – e do sangue e da morte.


O livro é dividido por períodos, anos nos quais se deram os principais acontecimentos com relação ao “grupo de homens-lobos”. São oito datas (1977, 1987, 1990, 2000, 2009 – três partes - e 2010), cada uma com um significado específico na cronologia do enredo. A história não se detém ao foco de apenas um personagem, e com uma narrativa em terceira pessoa, pode explorar a visão de vários personagens em si, intercalando suas histórias, até que as mesmas, inevitavelmente, se cruzem.


Apesar de muitos leitores apontarem o foco do livro em Fênix, Caroline e Dante, minha percepção apontou mais para os dois últimos (Caroline e Dante) e ao sagaz vilão da história, Joe “Hell” Vansing. Os três primeiros – Fênix, Caroline e Dante – são homens-lobos, como se denominam, dotados de sentidos aguçados e um instinto animal, de proteção e preservação da sua natureza. Cada personagem passa por situações únicas, de aceitação, rejeição e adaptação a sua condição de lobo e homem. Por sua criação diferenciada, cada um tem uma visão da sua condição lobo-homem e, portanto, traça uma caminhada dessa forma, tendo seu próprio legado para construir e cumprir. Já o vilão (que em minha opinião roubou a cena na história), Joe “Hell” Vansing, tem aquele lado selvagem, assassino e desejoso de sangue, aquele tipo de ser típico de filmes com uma boa dose de maldade, é um dos grandes destaques da história. Um caçador por natureza e que estabeleceu como meta exterminar da face da Terra as aberrações com a qual se deparou em uma viagem. Animais, como tem em mente Vansing, só servem para diversão e de cobaia para o avanço da ciência. Maldades, torturas e muita violência são suas características (fato que me levou a ter uma relação de ódio e nojo com este personagem!).


A diagramação do livro merece destaque, já que, com toda sua simplicidade, soube trazer a essência da história para o miolo, com gravuras de lobos e garras, a cada abertura de um novo período de tempo e intervalo entre os parágrafos (com cronologia/ narração diferente), respectivamente, dando um visual muito agradável e característico.



“A natureza lupina liberta. A natureza humana destrói.”
Fúria Lupina Brasil – contra-capa


Quando recebi o e-mail do Alfer (pseudônimo para Alexandre Jorge Ferreira Medeiros) me indicando Fúria Lupina Brasil para leitura, não fazia ideia do que esperar. Com certeza, ao ler as primeiras páginas, já me deparei com algo incrível: uma história envolvente e surpreendente instigante. Aprecio leituras mais voltadas ao suspense, com intercalação de narrativas e situações dos personagens durante a história, porque acredito que esse tipo de abordagem possibilita uma visão mais ampla do enredo. Esse tipo de leitura foi criada por Alfer, mas de uma forma particular, ao qual não havia encontrado em livros nacionais até então: ação, violência e cenas de tortura, tudo sem apelação. São cenas fortes, com uma dose pejorativa, mas ao mesmo tempo não “forçada”, relatando fatos cotidianos – rejeição, questionamentos, dúvidas, violência... – numa realidade sobrenatural. E isso, fez toda a diferença para o sucesso do livro.


Não notei o passar das páginas e quando menos esperava já tinha lido mais de 50 páginas em uma pegada. As últimas 100 páginas passaram voando, numa sequência incrível de acontecimentos e revelações – que muitas vezes me deixaram com o coração na mão de tanta agonia. Adorei a sagacidade e o instinto de grupo e preservação de Caroline, a força de superação e a vontade de encontrar seu lugar de Dante, a teimosia destemida superada pelo amor incondicional no momento de abandono e sobrevivência de Fênix e o ódio deslavado e ensandecido de Vansing, que me fez querer ter garras para vingar todas suas injustiças. Enfim, uma história ao mesmo tempo de preservação da espécie maior (homens-lobos) e de entendimento da irracionalidade e maldade humana, porque conforme apresenta o livro, a maldade é sim, uma característica intrinsecamente humana (não de todos, mas uma manifestação do homem).


Leitura fácil, apesar de um tanto pesada em certas partes, mas equilibrada nas medidas certas de romance, lealdade, crenças e união, com conflitos, descobrimentos, mistério, superação, e acima de tudo, sobrevivência. Uma das melhores leituras que já tive, numa temática carecida de abordagens mais vorazes sobre esses seres de garras e presas. Quer descobrir o que a natureza predatória brasileira provoca? Prepare-se para toda a Fúria Lupina Brasil.


Fúria Lupina Brasil é o primeiro volume desta série, com sua sequência prevista para os subúrbios da América Central em Fúria Lupina América Central.


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Título Original: Fúria Lupina Brasil
Autor: Alfer Medeiros
Ano de Lançamento: 2010
Número de Páginas: 320 páginas
Editora: Madio Editora
Onde Comprar: AutorEditoraLivraria CulturaLivraria Estronha
Sinopse: A natureza lupina liberta. A natureza humana destrói. Qual é a origem do mito do lobisomem? Maldição, doença, dom, herança ou eventos aleatórios? Ou será que todas essas hipóteses são aplicáveis? Em Fúria Lupina - Brasil, as peças do quebra-cabeça são apresentadas no decorrer de algumas décadas. Quando, no ano de 2009, essas peças começam a se encaixar para formar a imagem final, homens e feras aparentemente desconexos entram em uma alucinada rota de colisão, que resultará em sangue, violência e morte. Uma organização secreta, um grupo ecoterrorista, mercenários, lobisomens com variações de raça e conflitos de natureza humana permeiam toda a trama, que passa por Estados Unidos, México, Noruega, São Paulo e Mato Grosso, finalmente desembarcando na Amazônia brasileira, onde muitos destinos serão traçados. Você está pronto para descobrir qual é o maior predador do planeta?
Avaliação: «««««

10 comentários:

Gabriel Arruda Burani disse... [Responder comentário]

Hey Guria!

Gosto do ritmo de suas resenhas, de como expressa suas impressoes e, principalmente, de como você nos conta a história do livro, sem contar. Esta nova roupagem dos homens-lobo me parecem ser bem interessante! Caça-lo-ei!!

Beijao

Anônimo disse... [Responder comentário]

Gostei muito e quero ler ele faz tempo!!!
Adorei a tua resenha
beijos linda

Iansey Cruz disse... [Responder comentário]

Cara adorei muito e com certeza vai para minha lista por ser um livro de autor brasileiro e tão diferente do que estamos acostumados, além de ser o tipo de livro que amo *.*. Guria parabéns pela resenha passou bem o que tem na historia do livro e sua opinião :D

Mi disse... [Responder comentário]

Hey Rê!

A primeia vez que tive contato com o livro foi na sua CdC e já tinha gostado da capa e tudo o mais...
Mas depois dessa sua resenha uahsuahsuahsa preciso ler este livro!!!

Parabéns, por mais uma resenha show!

=*
Mi
Inteiramente Diva

Anônimo disse... [Responder comentário]

tem um pessoal aqui que joga rpg de lobisomem que precisa ler esse livro!
eu gostei muito da sua resenha, o livro parecer ser muito fluído e sagaz! não gostei muito da capa =xxx mas a resenha me comprou geral ueheuehueheueh

beijos
bibs

Li Um Livro disse... [Responder comentário]

Ótima resenha, Rê! ^^
Esse livro já tá na minha lista há um bom tempo...
Espero ter a oportunidade de lê-lo em breve. =)
Beijos!

Gisele disse... [Responder comentário]

Suas resenhas são ótimas, super completas, ainda não consigo escrever assim.
Não gosto muito da capa...
Apesar de não fazer muito meu estilo de livro, depois dessa resenha acho que até quero ler esse livro...ehehe

Bjus

Guto Fernandes disse... [Responder comentário]

Quando pela primeira vez a capa do livro me lembrei na mesma hora do antigo RPG da White Wolf, Lobisomem: O Apocalipse. E depois de uma lida na sinopse as minhas conexões com o mesmo ficaram ainda maiores. Foi uma surpresa e tanto saber do próprio autor que ele nunca havia jogado RPG e sequer apreciava.

Mas esse pequeno detalhe simplesmente me fez querer ainda mais conhecer a história de Fúria Lupina já que o conceito pelo autor usado seria definitivamente livre de influências conhecidas por mim. E ao ler essa resenha eu tive a certeza de que quero lê-lo.

Todo esse clima de suspense, aventura e ação envolvendo um pouco de drama pessoal e violência acabam por dar ao enredo uma energia maior. Pelo visto uma coisa que não deve faltar no decorrer da história são momentos de tensão e adrenalina nas alturas.

Adorei conhecer esse que para mim é um dos poucos livros sobre lobisomens, ou homens-lobo no caso em questão, e essa abordagem que foca mais na parte que a humanidade em si é um mal e que para eles a principal luta é pela sobrevivencia e aceitação de suas existências.

Meus parabéns ao autor que seu próximo livro da série não demore a sair e espero ter a oportunidade de lê-lo em breve. E parabéns a minha guria linda que como sempre conseguiu escrever uma ótima resenha, na qual instiga cada um de nós com partes da história mas sem revelar os pontos mais cruciais. Uma resenha perfeita!

P.S. Beijossss amor!!! *.*

Thay Gomez disse... [Responder comentário]

A lenda dos lobisomens ou homens-lobo sempre me fascinou - mais até do que a dos vampiros. Muito embora o romance entre as duas raças também esteja entre os meus favoritos *.*

Enfim, pela resenha, imagino que Alfer criou um enredo maravilhoso e que tem tudo pra fazer feliz os fãs desses seres fantásticos ♥

Beijosss

Adriana disse... [Responder comentário]

Oi Re, eu gostei muito da resenha, parece uma história diferente de lobisomens, fiquei curiosa e feliz por saber que será uma série! Bom hein! Bjo!

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